sou quieta como folha de outono esquecida entre as páginas de um livro, sou definida e clara como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto - se tomada com cuidado, verto água límpida sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto mas, se tocada por dedos bruscos num segundo me estilhaço em cacos, me esfarelo em poeira dourada.


.Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Sustentação

Nestes dias de sol alto demais
a tristeza viceja no meu rosto.
Sou sintomas de luz esburacada
olhos sujos de cenas que não gosto.
Há lembranças dum sonho de herói
que forçaram ir rasgando aos poucos.
Assim mesmo disfarço que suporto
inventar de buscar a minha sorte
calo calos de mágoas que me mordem
respirando este tempo que me dói
pra fugir de ficar a fim da morte.

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