sou quieta como folha de outono esquecida entre as páginas de um livro, sou definida e clara como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto - se tomada com cuidado, verto água límpida sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto mas, se tocada por dedos bruscos num segundo me estilhaço em cacos, me esfarelo em poeira dourada.


.Caio Fernando Abreu

sábado, 24 de dezembro de 2011

Calos na língua; de calar.
            Alguma coisa entre a piscina
e a pia.
            Um hiato a menos.
Olho o ralo até turvá-lo,
penso que ele não pensa.
Ir com a água é a minha
recompensa.
Da boca que beija e diz,
asas de bem te vis
eu quis, e não dos pés
raiz.
Da tinta que fica, giz.
E da cicatriz, aqui,
eu quis a lá-
pis.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pois eu sou
o ouvido vi
vo daqui
lo que sôo.



-Como vai?
-A pé.
[...]
-A cabeça cabe na cabeça?
-À beça.
nem o que fiz por que quis me faz 
fe liz ne me en tris te ce o
que fiz mas não quis nem me se duz
o que não fiz nem me con duz o
que jaz nem me a praz es se triz
nem o que des faz es se triz me
traz paz nem es sa paz tan to faz
nem tan to diz o que a voz faz
nem o que a voz diz vem só da
tez nem só de deus a mu dez nem
deus é só três nem se u sa a 
mes ma luz mais de u ma vez