sou quieta como folha de outono esquecida entre as páginas de um livro, sou definida e clara como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto - se tomada com cuidado, verto água límpida sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto mas, se tocada por dedos bruscos num segundo me estilhaço em cacos, me esfarelo em poeira dourada.


.Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 1 de novembro de 2010


      Bem, como dizia o comandante, doer, dói sempre. Só não dói depois de morto, porque a vida toda é um doer.
      O ruim é quando fica dormente. E também não tem dor que não se acalme - e as mais das vezes se apaga. Aquilo que te mata hoje amanhã estará esquecido, e eu não sei se isso está certo ou está errado, porque acho que o certo era lembrar. Então o bom, o feliz se apagar com o ruim, me parece injusto, porque o bom sempre acontece menos e o mau dez vezes mais. O verdadeiro seria que desbotasse o mau e o bom ficasse nas suas cores vivas, chamando alegria.
      [...]
      Mas isso eu falo depois, numa hora emque doer menos ou não doer tanto.

2 comentários:

  1. Adorei o post
    parabéns adorei o blog e to seguindo um beijão.

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  2. Certamente sempre haverá dor, menos após a morte.

    Seguindo... Quando puder, me faça uma visita: http://omundosobomeuolhar.blogspot.com/

    Beijos

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